Na Paris ocupada por Hitler, enquanto os moradores locais vão para a cama famintos e derrotados pela guerra, a música e o riso ecoam pela porta de um pequeno restaurante, lotado de soldados alemães. Marianne, a proprietária, se movimenta com os pés cansados entre as mesas cheias, carregando pratos quentes e saborosos para os oficiais inimigos. Seu sorriso é reluzente, todos são bem-vindos. Ninguém desconfia do ódio que Marianne esconde em seu coração.Em uma noite, o restaurante fecha as portas pela última vez. Na manhã seguinte, as janelas amanhecem riscadas com as palavras "traidora e assassina". E Marianne desaparece sem deixar vestígios…Anos mais tarde, a neta de Marianne, Sabine, está parada sob o toldo verde desbotado, com uma pesada chave de bronze na mão, olhando para o velho restaurante herdado da avó que ela nunca conheceu. Sabine tem muitas perguntas sobre si mesma. Talvez ali possa encontrar algumas respostas, mas ela sabe que não é bem-vinda. Marianne era odiada pelos moradores e Sabine descobre que a avó fora acusada pela tragédia que assombrava o restaurante.Dividida entre deixar para trás o legado familiar sombrio e investigar o passado, a jovem começa a se questionar: o que aconteceu com Marianne depois daquela noite? Como esses acontecimentos mudaram os rumos da família? Mais do que isso, que mudanças essas respostas trarão para a vida de Sabine?Uma história surpreendente sobre amor, resiliência e sacrifício na Paris ocupada pelos nazistas, quando uma jovem corajosa arrisca tudo para salvar as vidas daqueles ao seu redor.
O último restaurante de Paris
Ano: 2023
Páginas: 304
Idioma: português
Editora: Gutenberg
Seria ela uma @ssassin@ ou uma heroína? A obra “O último restaurante de Paris” nos conta a história de uma Paris ocupada por Hitler, com pessoas famintas e muita miséria, porém Marianne está com o seu restaurante lotado de soldados alemães com fartura, risadas e muita música. Ela serve seus inimigos com muita simpatia e esconde o ódio que sente por eles. Certa noite, Marianne, fecha as portas e todos os clientes estão m0rt0s por envenenament0. A mulher foge sem deixar rastros. Muitos anos depois, Sabine, que é neta de Marianne recebe um contato de um escritório e algum tempo depois, a jovem está diante do velho restaurante da avó. Muitos questionamentos perturbam Sabine e as memórias dolorosas da guerra estão latentes. Como Sabine reagirá ao saber da tragédia que houve no restaurante?
“Segurei dentro de mim por muito tempo. Essa minha parcela esteve enterrada na escuridão. Tem alguma coisa de bom em finalmente deixar que ela venha à luz. Falar do meu irmão, me lembrar dele não como uma vítima, mas como uma pessoa.”
A obra é dividida em três partes muito bem estruturadas. A narrativa é fluida, envolvente, emocionante e bem reflexiva. O que podemos fazer quando estamos no limite da raiva?
“A vitória cobra um preço e, às vezes esse preço está na alma de alguém.”
Graham possui uma escrita ímpar, com uma ambientação perfeita, personagens instigantes e temáticas profundas. Mais um livro favoritado!
No começo fiquei julgando Marianne pelo ocorrido no restaurante de Paris, porém conhecendo melhor a personagem entendi as suas dores, a situação da destruição de um país e a m0rte de inocentes. Marianne foi executada e julgada por toda uma sociedade.
Eu gostei de acompanhar Sabine em busca de seu passado, conhecer a história de sua avó e se permitir viver. Uma linda jornada de autodescoberta!
Se você gosta de história de gu3rras, amor, perdão, resiliência e mistério, a obra é indicada para você. O final é arrebatador e cativa o coração do leitor. Leiam!
Gosto muito de romances históricos. É um dos meus subgêneros favoritos da literatura. Peguei esse livro aqui no meio de uma ressaca literária e li numa sentada, sem conseguir parar. Este livro fala de um restaurante há muitas décadas fechado no meio de Paris e de um crime horrendo que aconteceu lá dentro do meio da ocupação nazista na França.
O livro
Nossa jornada começa em 1987, quando Sabine Dupris foi contatada por um advogado, dizendo que sua mãe, recentemente falecida fora adotada e que Sabine tinha alguns documentos para analisar. Essa informação parece absurda para Sabine, mas a documentação é incontestável. Não só isso, o advogado também tinha informações sobre a avó biológica de Sabine, Marianne Blanchet, que viveu e trabalhou em França durante a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial e que foi executada depois de matar todos os seus clientes numa noite. E havia uma pessoa viva que poderia contar a Sabine os detalhes - se ela quisesse saber.A VITÓRIA COBRA UM PREÇO E, ÀS VEZES, ESSE PREÇO ESTÁ NA ALMA DE ALGUÉM (...).
Sabine hesita antes de procurar Gilbert Geroux, um velho antiquário que tinha 15 anos e trabalhava no famigerado restaurante. Gilbert tem motivos para não querer falar sobre aquela noite, pois seu irmão mais novo foi uma das vítimas de Marianne. Quem poderia culpá-lo? Gilbert aceita conversar com Sabine e uma amizade começa a brotar dessa conversa sobre o passado. Por ser um livro que se passa no passado, temia que a leitura pudesse ser maçante, mas a autora nos joga em vários momentos do tempo e do espaço para contar essa história, sempre de maneira ágil e impedindo que a gente largue a leitura.
Marianne decidiu abrir um restaurante em um período bem complicado para a população parisiense. O governo francês entregou o país aos nazistas e de repente a população tinha que cruzar com oficiais nazistas pelas ruas. Então por que diacho uma chef como Marianne decidiu abrir um restaurante, com o apoio do governo da ocupação? Ela era vista como uma colaboradora e os vizinhos a evitavam, falavam mal, se recusavam a frequentar o lugar. A ideia era vender comida boa, saudável, com produtos locais. Os vizinhos do estabelecimento obviamente desgostaram da ideia e até eu, enquanto lia, pensava que absurdo era aquele. O que ela pretendia?
Ao mesmo tempo em que temos a visão de Sabine e de Gilbert, temos de uma garotinha chamada Elodie, que perdera a mãe subitamente em 1926 e foi morar com a avó em uma pitoresca vila provençal, chamada Lamarin (que é fictícia, mas bastante inspirada em cidadezinhas da região). A menina está triste e desolada pela morte da mãe, mas é o carinho da avó, a boa culinária local e o trabalho no pomar e nos campos, além da amizade que faz com um garoto local que começa a revitalizar essa garota tão sozinha. Demora um tempo pra gente entender o que a história de Elodie tem com a de Marianne, mas tem!
Inicialmente, temos uma visão até fria e distante de Marianne. A fama que ficou depois do crime que ela cometeu era bem negativa e Gilbert até evitava relembrar aqueles tempos. Afinal, as pessoas não conheciam a história toda, nem mesmo Gilbert. A maneira como a autora começou a desenrolar esse novelo te prende até o final, porque você começa a entender o que ela pretendia e como que uma criança acabou se tornando vítima do envenenamento que também matou todos os clientes. Temos as visões de todos esses personagens e de como eles se entrelaçam até aquela noite mortal em 1943.
QUANDO VOCÊ PERDE ALGUÉM COM QUEM PASSOU PRATICAMENTE A VIDA TODA, É COMO SE NÃO LAMENTASSE APENAS TER PERDIDO AQUELA PESSOA NO FINAL; VOCÊ LAMENTA TUDO O QUE VIVERAM ANTES DISSO TAMBÉM.
Lily construiu cenários ricos e personagens complexos que logo prendem quem está lendo. Embora todos sejam, por necessidade das circunstâncias, muitas vezes complexos e emocionais, voláteis e apaixonados; eles são viciantes, genuínos, verossímeis e autênticos nos papéis que foram criados para eles. Pude me ver naquela Paris ocupada ou na vila provençal de Elodie, me vi dentro do restaurante, sentindo a tensão vibrando entre os convidados dos nazistas. A autora presta muita atenção aos detalhes e às qualidades descritivas com que pinta a localização física deste enredo e é impossível não se sentir inserida no enredo, não sentir o que aqueles personagens sentiram.
O livro está bem diagramado e revisado. A tradução foi de Elisa Nazarian e está ótima.